terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A certeza da incerteza: 2010


            Realmente, tenho que deixar alguma mensagem de fim de ano para os meus leitores. Fui cobrado para tal e aqui estou eu. No entanto, eu tinha avisado que preciso sempre de inspiração prática para escrever, ou seja, preciso “sentir” literalmente o que escrevo. Só assim o que escrevo pode chegar ao cérebro e ao coração de quem ler da maneira que desejo. Escuto no momento, sem parar, as fantásticas canções “In my life” e “Something” dos Beatles e isso já serve de inspiração para qualquer coisa. Além do mais, estou sentado em frente a minha casa com o computador, a lua, a brisa e o “barulho” do mar, não muito distante, como cenários.
            Amigos e amigas, nós chegamos ao fim do ano e começamos a pensar mais no futuro e damos mais esmolas. Pensamos também no passado. Passado de provas, trabalhos, tristezas e grandes emoções. Desse modo, sempre esquecemos o presente, mas tudo bem, até porque se choramos ou sorrimos, o importante é que emoções vivemos e viveremos.
            No mais, gostaria agora de adentrar no que eu realmente quero falar. Quero falar sobre o futuro, sobre o meu, o nosso futuro. Afinal, todos temos um futuro individual e outro mais social, mais grupal. Por conseguinte, diga-me: qual o seu futuro? Você sabe? Gostaria de saber? Se sua segunda resposta foi “não”, ótimo, você é normal. Você não acha excelente não saber qual o seu futuro?
            Tenho acompanhado uma série de TV sensacional, ao meu ponto de vista, que retrata bem essa dicotomia entre não saber e saber o futuro. A série chama-se “Flash Forward” e, em resumo, retrata a vida da humanidade após um colapso de 2 minutos e 17 segundos na vida de todos, isto é, todos desmaiam e vêm seu futuro no mesmo dia (no caso, 29 de abril de 2010) por dois minutos e dezessete segundos. Deixando a série em si de lado, quero chamar atenção para a mudança na vida daquelas personagens após saberem seu futuro, alguns chegaram a se matar por medo do que viriam a fazer e por ai vai.
            Meus caros, a nossa incerteza é única certeza que temos, até porque a morte também é uma certeza, mas o seu dia não, ou seja, mais uma incerteza. Não saber exatamente o que vem a ocorrer em 2010 é o grande presente que recebemos nos dias finais de dezembro a cada ano. Sem a incerteza do futuro não existiria a esperança e a humanidade sem esperança não seria a humanidade. Inteligente, realmente, esse que dividiu o tempo em anos, afinal, dá-nos esperanças renovadas sempre.
            Por fim, meus amigos, não saber o futuro, eu repito, é nosso grande presente divino, porque nos permite experimentar o presente, o aqui e o agora sem saber o que vai ocorrer em 15 segundos e usufruir desse presente da melhor maneira possível. A vida é o agora, o ontem e o amanhã, mas principalmente o agora. Se soubéssemos o futuro, não aproveitaríamos o presente, exatamente como ocorre na séria supra-citada. Só nos resta crer em dias melhores e caso eles não venham, façamos do ruim algo bom, não algo pior. Nossa capacidade de piorar é sempre mais aguçada, mas também temos a capacidade de melhorar. 
           Quero com esse texto confuso, desejar um ano espetacular para todos, para que consigamos ao menos fazer o bem e continuar sobrevivendo em direção ao incerto futuro e por isso tão maravilhoso. Quero também, por fim, dedicar esse texto ao meus amigos de fé, irmãos camaradas (ordem quase cronológica) : Gilberto, Lucas, Lenilson, Paulo, Fabrício, Bianor, ao meu irmão Rafael e Ticiane. Espero poder contar com a amizade e a sacanagem de vocês até o último dia da minha vida.

Com o carinho de sempre, Emanuell Cavalcanti

Pirangy Praia - 00:33



“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida” – Vinícius de Morais

sábado, 12 de dezembro de 2009

O "MSN" e A Cidade Antiga

     Não, "A Cidade Antiga" ai não se trata especificamente do livro homônimo de Fustel de Coulanges, clássico sobre o Direito, Arquitetura e Sociologia romana...Quando digo cidade antiga, refiro-me especificamente a um modo de vida mais antigo, refiro-me às relações sociais mais antigas, refiro-me à "Praça" da cidade antiga.
    Sim, "A Praça" mesmo. Nas cidades antigas e, atualmente, no que chamamos de cidades locais, "A Praça" da cidade é o ambiente onde a sociedade se reunia/reuni para conversar, para estreitar os laços afetivos, é onde os relacionamentos iniciam, os casamentos se consumam e as fofocas se propagam. Isto é, enquanto a "Casa" era/é o espaço privado, a "Praça" era/é o espaço público, juntamente com o "Templo" local, que em sua maioria, trata-se da Igreja Católica Apostólica Romana.
     Por conseguinte, quando essa cidade local torna-se uma cidade grande (metrópole), perde-se esses locais públicos, por motivos que não se faz necessário esclarecer aqui. No entanto, a sociedade sempre tende a se moldar às situações e encontrar novos métodos, novos rumos. Aí que entra Internet, como um novo meio de reaver essa relação perdida no crescimento das cidades, ou como um meio de impedir que se reate o meio antigo.
     No mais, o "MSN", especificamente, tornou-se o meio que aparenta querer reatar "a praça" perdida. Estudantes e Profissionais quando chegam de seus afazeres habituais não vão mais para as praças de seus bairros, uma vez que em alguns nem se quer existe uma praça, mas entram na "grande praça digital", chamada "MSN" onde, muita vezes, reencontram os amigos que viu no dia todo ou amigos que não "vê" há muito tempo.
     Por fim, o grande problema que envolve o uso da tecnologia para substituir os contatos físicos ou até mesmo para fazer revoluções políticas (política em um sentido lato sensu) é a "impessoalidade", que é uma característica fundamental das tecnologias de modo geral. Enquanto isso, eu vou conversando, brigando, explicando, resolvendo e passando o tempo pelo "MSN" mesmo. Espero que não terminemos como o casal do filme "O Demolidor", estrelado por Sylvester Stallone e Wesley Snipes...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Racionalidade para que te quero?

     (Leia o texto anterior)

     Como vocês devem imaginar, um texto puxa o outro. A reflexão que um texto que eu mesmo escrevo, leva-me a escrever outro. Isso ocorre por vários motivos. Dentre eles, eu posso dizer que é a necessidade de esclarecer o que não ficou claro no anterior, bem como para desenvolver o tema de forma diferente. Usarei este texto para os dois casos.
     Muita gente que leu o texto sobre os Direito Humanos e minha defesa pelos mesmos, deve ter se perguntado, ou afirmado, que no fundo, no fundo, eu não sigo o que falo. É verdade. Quem pensou assim, acertou. No entanto, isso não significa que eu esteja certo ou que isso seja o certo. Afinal, estamos todos propícios a matar alguém, haja vista que somos animais e como animais, temos instintos, tendo instintos, reagimos por impulso, reagindo por impulso não pensamos, não pensando, nós fazemos o que não presta, fazendo o que não presta, nós podemos matar como um animal faz, sendo um animal, ...
     No mais, o que quero mostrar é que nosso diferencial dos demais animais some no momento da raiva. Isto é, nossa racionalidade é consumida pela nossa irracionalidade no momento que exatamente deveria ganhar a racionalidade. Talvez não sejamos assim tão racionais como pensamos. Ou como querem que pensemos. Essa fardo que a humanidade leva de sermos animais racionais é por demais pesado para nossa própria racionalidade. Explico: Se somos racionais, sabemos muito bem o que é o certo e o errado, no entanto, nós não sabemos porque não praticamos o certo e o errado. A partir do momento que somos racionais e vivenciamos provas que não somos, como aceitar que somos? Não é, no mínimo, contraditório?

"Eu queria ser civilizado como os animais"
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos - Disco de 76 - Faixa 3 - O Progresso)

Pense nisso!
    

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Direitos Humanos: por que eu devo defendê-los?


     Estava eu indo ao IFRN um dia desses ai a tarde e eis que do nada comecei a pensar sobre o assunto que envolve os Direito Humanos, o Direito, a Sociedade, a Mão Policial do estado de modo geral e me vieram muitas coisas à mente. De ímpeto disse: tenho que escrever sobre isso. Existem muitos mitos sobre os DH e críticas infundadas. Vamos tentar acabar com elas agora.
     "Emanuell, você defende os DH porque ninguém da sua família foi atacado por um bandido ou coisa parecida. Isso é retórica barata de idealistas". Pode ser sim, mas não é! Quando uma pessoa defende os DH deve se lembrar que está defendendo os DH de si próprio e não os de Fernandinho Beira-mar por exemplo. Eu digo isso porque o limiar entre o mal e o bem, entre o bandido e o cidadão (existe cidadão no Brasil? ops..) é muito, mas muito pequeno mesmo. Veja bem, o que quero dizer é que amanhã eu ou você poderemos estar dentro de uma cadeia. Ai eu pergunto? Você vai pedir pelos DH? Eles vão deixar de ser "retórica barata"? Exemplo: um "simples" acidente de carro com vítima pode acarretar Pena Restritiva de Liberdade para o condutor. Ou seja, estamos todos sujeitos ao pior, a sofre o pior que queremos para os outros muitas vezes.

     "Mas Emanuell, ainda não concordo. Você está falando se for com uma 'pessoa de bem'. Mas se for um bandido tem que matar mesmo, tem que sofrer mesmo". Concordo pelo lado emocional, mas o meu racional diz: Não! "Mas Emanuell, continuo pensando o mesmo. Se temos certeza que o cara lá é o criminoso, por que não dar um lição nesse cabra safado?!" A resposta é simples: como falar em "certeza" no que tange à pena, ao Direito Penal? Nunca viram filmes policiais? O que se vê no cinema muitas vezes é algo que realmente aconteceu. Vamos lembrar que isso passa muitas vezes na cabeça de um policial, por exemplo, e ele pode querer "dar um lição no cabra safado" e a lição pode ser dada em você, porque ele tem certeza que foi você que cometeu o crime. Mas e se não foi!? E agora? Ah, já sei, se você ainda estiver vivo após a "lição", você vai clamar pelos DH e entrar com uma ação indenizatória contra o estado. Acertei? Gente, o que estou tentando dizer é que, 'infelizmente', é necessário defender a integridade física daqueles ditos criminosos (não são até que se comprove o contrário) para que possamos defender a nossa também, porque é nessa questão de "dar uma lição" naqueles que se tem 'certeza' que acaba por se "entrar em um vício" de tortura. Podendo, inclusive, passar da "tortura legalizada da certeza" para o arbítrio de um simples policial/soldado sobre quem deve morrer/sofrer --> Lá em Guarabira isso se chama "iminência de Ditadura" meu povo!!!
     Bem, espero que tenha falado um pouco sobre o muito. É um tema muito interessante e quase que não se esgota. Espero também que tenha colocado esse pensamento mais humano e lógico na cabeça de vocês, ou no mínimo, plantado uma semente (do mal não kkkk). Nesse caso, é necessário que vocês a reguem para que não morra sufocada.
     Gostaria muito que quem não concorda com esse raciocínio, comente. Seria muito importante argumentar mais, porque eu posso ter esquecido algo ou, ainda, posso mudar minha opinião também. Até mais....


ps.: Fotografias de torturas no Iraque. A última mostra o suicídio forjado do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela Ditadura Militar brasileira em 1975 após ser torturado.