quinta-feira, 6 de maio de 2010

A EELP e o Chico..o Chico César, quase o Science..

     Olha que eu nem ia, viu? Mas fui...

     Nos dias 28, 29 e 30 de abril vivi uma experiência fantástica dentro do TAM, Teatro Alberto Maranhão, com o EELP, I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, isto é, escritores de todos os países do mundo que falam português. Vi debates fantásticos e perguntas da platéia também sensacionais ou ridículas. Uma pergunta que lembro muito foi quando perguntaram a professora de São Tomé, Inocência da Mata, algo ligado à colonização dos países por Portugal e se isso ainda detinha resquícios  preconceituosos e tal. Ela respondeu: "não gosto de conversar sobre almas". E por ai vai.      
     Outra lembrança foi hoje (30/04/10) com a palestra/conversa do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Ele contou algumas histórias hilárias quando estávamos discutindo a diferença entre nossas línguas. Dentre elas, cito agora uma: ele disse que estava em Pernambuco ou Rio de Janeiro, locomovendo-se para certo lugar com um taxista. E tome conversa, até que o homem olha e diz: "o senhor tem um sotaque estranho, é de onde? Agualusa respondeu: "sou de Angola". O homem retrucou: "ah, Angola...fica em qual estado mesmo?" Agualusa explicou: "Angola é um país da África ocidental". O taxista arremata: "pois parabéns, o senhor fala português muito bem". Agualusa tenta explicar mais uma vez: "mas nós falamos português também". O taxista: "ah, eu pensei que só aqui se falasse português". Agualusa: "e Portugal? Também fala, não é? Eles colonizaram vocês" O taxista dá o tiro de misericórdia: "ah não, Portugal não fala português, aquilo lá que eles falam é estranho demais".
     Outro ponto, passível de recordação foi quando um dos participantes pediu a palavra e leu um texto feito por ele mesmo criticando o evento, onde disse que ao invés de ser um evento cultural, tornou-se um evento para "socialights" com botox na cara (uma clara referência a Ana Maria Cascudo, filha de Câmara Cascudo que lá esteve presente) entre outras coisas que mereceriam transcrições literais se aqui tivesse.
     Bem, meus caros leitores, o encontro de modo geral rendeu outras experiências maravilhosas que levaria uma eternidade contando aqui. Nunca ouvi tanto o sotaque português, moçambicano, timorense, cabo-verdiano, angolano and so on. O mundo ficou pequeno nesses últimos 3 dias e Natal (chamada por lá de Capital Mundial da Língua Portuguesa) ficou grande demais com a presença de personalidades, quando não ilustres, importantes. Mas agora quero falar de outra coisa. O evento foi finalizado pelo cantor Chico César, paraibano, assim como eu. 
     Eu esperava algo bom, mas não tão bom. O som que saia daqueles instrumentos era algo fantástico. A turnê, intitulado FFF (Francisco, Forró y Frevo), mistura, como o nome já diz, forró e frevo, com uma pintada sutil de rock, visto principalmente pelo jeito/gesto/postura do cantor em alguns momentos ao cantar/tocar. Foi exatamente essa "mistureba" que me lembrou o outro Chico, o Sciense, de quem o Chico, o César, buscou influências. Ademais, o cara canta e dança como bem entende ser o correto. Entendo que as coações naturais da sociedade não o atingem. Quando eu percebi isso pela roupa dele, pelo cabelo, fiquei pensando: todo nós temos isso também? Esse outro "eu secreto" como Freud tão bem explicitou que existe em cada um? Quando é possível mostrá-lo? pensamentos..pensamentos..
     Para finalizar, quero dizer que o evento já tem data marcada para o ano que vem 27, 28 e 29 de abril de 2011, novamente em Natal! Vale muito a pena. O contato com outras culturas e com personalidades curiosas é sempre enriquecedor. É isso, até mais..