segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nasci na época errada...

       Não, não é só uma frase de efeito. É uma constatação.
     
     A minha grande influência para pensar isso inicialmente foi quando descobri que curtia muito o som de Roberto Carlos. Inicialmente era aquele cantor que sempre ouvi meu pai escutando, isto é, aquele cantor que eu literalmente cresci escutando. Posteriormente, tornou-se não o ídolo da minha família, mas também o meu ídolo por essas e outras razões que já estão declaradas aqui em outros textos. Fotos como essas permitem a pergunta: por que eu não nasci para ver isso?

     Aí me aparecem outras figuras recentemente que só fizeram crescer ainda mais essa nostalgia do tempo: os Beatles por exemplo.
     A banda que se revolucionava, não a cada disco, mas a cada canção, revolucionou o mundo, sem deixar de ser revolucionada pelo mundo também.
     O que eu estou chamando aqui de revolução, na minha humilde, humildíssima, opinião é a contra-cultura, a própria cultura hippie que se insurgia como uma planta entre rochas, isto é, como alternativa à civilização capitalista. O consumismo, a necessidade de dinheiro, a necessidade de status estavam sendo deixadas de lado pelo prazer em primeiro lugar (seja físico ou não), a paz e o amor (sim, o velho e famigerado símbolo com os dedos). Os Beatles também entram nessa história, porque foram influenciados e influência, por mais que não tenham participados do "Festival de Woodstock", símbolo de toda essa efervescência cultural.
    Daí surge toda a "mística" em torno do rock 'n' roll de modo geral (isto é, com suas variáveis, heavy metal, hard rock e etc.) para completar essa transposição de consciência e do próprio espaço mesmo. Aliado a isso, as drogas aparecem como o caminho para outro mundo.
     No entanto, existe uma larga diferença do uso das drogas hoje, para o que era feito naquela época. A palavra que resume a tudo é: banalização. E o problema não foi/é só a banalização, é ela sem a orientação.
  As mudanças sócio-culturais advindas desse período marcam e marcarão o mundo para sempre. Por isso digo, e aqui entro efetivamente no tema do texto, que nasci na época errada. Toda a ideologia da "revolta", da contra-cultura está sendo usada hoje por jovens que pregam apenas a libertinagem e a baderna.
     Nada hoje está parecido com o Maio francês de 1968, que Edgar Morin explicou muito bem: "Vão ser precisos anos e anos para se entender o que se passou". Aquela juventude francesa, representada aqui no Brasil pelo tropicália, lutando contra tabus, contra a "roupa que se deve usar", contra o que se "falar em tal ocasião", lutando contra ditaduras, contra opressões, eu gostaria sim de ter feito parte, mas dessa que ai está que não passa de uma "juventude realmente desvairada", sem rumo e sem projetos, tenho vergonha.
     No entanto, também penso que isso que ai está nas ruas também é resultado das mudanças de 60. A quebra de paradigmas talvez tenha sido muito rápida e em muitos fatores. O sexo foi banalizado, deixou de ser tabu, mas as doenças sexuais apareceram; A música deixou de apenas falar da "mocinha e do mocinho no baile" para serem mais incisivas e menos ingênuas, mas hoje rola é uma "putaria generalizada e sistemática" no meio musical. Qualquer coisa virou arte, essa é a verdade e esse é o perigo da banalização.
     Ou não, talvez isso também seja importante para cada um filtrar o que lhe agrada e talvez eu tenha até nascido na época certa, caso contrário, como iria saber que a década de 60 foi tão importante!?