quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Entre Paulo Coelho e o Carnatal: A Feliz Imbecilidade

Qual o problema em ser imbecil?

Qual o problema em ser careta?

A imbecilidade do título está na imbecilidade do careta que critica cegamente o carnatal ou festas congêneres e na imbecilidade do imbecil que a defende como se fosse a salvação do turismo, renda, economia pós-crise de 2008.

Vou me ater a esses pontos, porque discutir o local da festa, os gastos públicos no privado, horário da festa etc, entendo ser UNANIMIDADE pela decência humana na NECESSIDADE de discussão e remodelação do sistema da festa. Mas é outra discussão.

Vivo no meio de gente culta, ou que se diz, vivo no meio de gente de esquerda, ou que se diz, vivo no meio de gente que se acha superior culturalmente por ser culta e de esquerda, ou que assim se vê como verdade absoluta.

E sempre me vi assim: tentando não ser 8, nem ser 80. Foi difícil. 2º ano do ensino médio me vi parando uma aula, de redação textual, por mais de 1 hora porque o professor desrespeitava quem lia Paulo Coelho e o próprio autor. Argumento dele: "é um bruxo (?), macumbeiro (?)...baixa qualidade (!)" (Isso me lembra que certa vez falando diretamente com Paulo Coelho, ele me respondeu: "boa sacada essa sua de dizer que essa história de bruxo é marketing meu. Mas não é bem assim". Mas não completou o raciocínio). E eu retruquei o professor: "Paulo Coelho é uma desgraça literária mesmo ou é por que sempre atacamos quem vende muito? Quantidade SEMPRE será sinônimo de falta de qualidade? Olha, Bill Clinton adora ler Paulo Coelho". Ele retrucou e ai percebi que deveria encerrar o papo: "Clinton? Aquele adúltero?"

Fiz essa digressão porque não vejo muita diferença hoje dos "moralmente e culturalmente superiores" ao não só atacar quem ao Carnatal foi ou a própria festa (retirando as questões políticas claro!)

Ora, em 2006 e 2007, principalmente, quando veraneava (e ainda o faço) em Pirangi (praia de playboy e gente metida a rica, inteligente, culta e moralmente superior a qualquer um de modo geral), eu nunca me neguei a largar Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Escreva Isaura, Iracema ou de ler a Trilogia Tebana por exemplo para "segurar na corda do caranguejo pra lá e pra cá" com Babado Novo.

Eu me sentia deslocado às vezes com tanta "bomba" nos braços dos meninos e tanto "pó" na cara das meninas, mas estava ali para dançar, divertir-se etc (na época não bebia álcool) E SÓ!

Cultura etc eu tinha em outro lugar. "Ah, mas é bom dançar etc com uma música de qualidade". Caro, é TAMBÉM bom. Afora isso, é preconceito social, e por que não dizer cultural!? Sim! Cultura não é só aquilo que A GENTE gosta, é aquilo que o POVO gosta também.

Quando falei da "esquerda" lá em cima, não foi desproposital. É tenho visto pessoas próximas com esse tipo de discurso. Senhores, esse tipo de discurso é discurso da DIREITA, se assim dividirmos a questão aqui. É o discurso de quem chama os programas sociais de esmola; que diz que os aeroportos estão ruins porque pobre agora voa; que reclama de engarrafamento porque pobre agora tem carro; que critica as cotas porque tem nojo de pobre e negro na carteira da sala de aula ao seu lado.

Quem irá me criticar por esse texto, nesse momento pensa: "sim, mas quem faz uso desse discurso é exatamente o povinho que esse '''tipo''' de festinha frequenta". Sim, em sua maioria é! Mas o erro dele, não pode servir de justificativa para o seu erro arrogante.

"Voltando à digressão", um certo conhecido ainda dos tempos da escola, que não presenciou, mas ficou sabendo desse debate acadêmico com o professor sobre Paulo Coelho, veio querer reiterar o discurso mesquinho do professor. À época o professor já era, evidentemente, formado em Letras Português. Esse meu amigo hoje está prestes a se formar no mesmo curso e me contou história interessante.

Disse-me que certa vez em um congresso ao pedir a palavra trilhou o caminho da crítica a Paulo Coelho pela baixa qualidade literária (que eu aqui não nego, mas eu estou falando de outra coisa, de outro modo, de outra visão. Estou falando da NECESSIDADE de coexistência com o que você gosta e o que você não gosta) e assim o fez por minutos com os olhos atentos de uma professora.

Terminada sua fala, essa professora pegou o microfone e disse: "meu jovem, minha pós-graduação foi sobre gibis, quadrinhos etc e você vem me falar em qualidade literária? Qualidade de que e para quem?" Eu entendo, e peço vênia a quem é da área, que é um elitismo literário e não uma qualidade literário em discussão.

Falo isso porque eu tive, já no ensino superior, o melhor professor de produção textual que esse país já viu: Professor Palhano. Culto só ele. Baixo só ele. Homem só ele. Puto só ele. Livre dos domínios sexuais da sociedade só ele. Íntegro só ele. E sua frase me martela sempre na cabeça: "queridos, a aula terminou, porque hoje eu vou do luxo ao lixo".

Faça o mesmo um dia. 





3 comentários:

  1. como ninguem é perfeito, assim nem sempre estamos completamos certos... Então: vc tá e não tá... entende? rsrsrs

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    1. Não. Só entenderei se você disse: Você está certo por isso, isso e isso.

      Errado por isso, isso e isso. Ai teremos uma conversa.

      Abraço.

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  2. corrindo a palavra completamos por completamente...ok!

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