Não sei bem quando isso aconteceu, mas faz tempo. Saí do Serrambi II, onde morrei por 8 maravilhosos anos da minha vida em 2002, exatamente, dia 1º de maio de 2002. Lembro muito bem da data porque no dia da mudança meu pai passou o dia escutando a música que ele escuta sempre nesse dia: "Guerreiros não morrem jamais" (Homenagem a Ayrton Senna - 01/05 é aniversário de sua morte), interpretada por Elymar Santos no seu disco de 1995. Falei tudo isso para deixar claro que tem uns 10 anos que o fato contado abaixo ocorreu. É algo bastante simples, mas exemplificativo para o que quero.
Não sei se o pior sentimento é ver alguém ingênuo a vida toda ou ver a cara de alguém quando deixa de ser ingênuo. Eu particularmente perdi minha ingenuidade (por um momento você pensou que eu fosse escrever outra palavra agora, não foi? kkkkk) no ano de 2001 e isso são "outros quinhentos" que não contarei aqui nunca. As pessoas que merecem saber, já sabem. No mais, a nossa sociedade atual vê a ingenuidade como algo imbecil, algo fraco e até certo ponto, é mesmo! Mas qual o problema em ser imbecil e fraco? Eu sofro bastante exatamente por não querer ser fraco, mas isso também é outra história. Vamos ao que interessa.
Eu estava para entrar no meu prédio quando um colega meu me chamou na janela do prédio dele (ele morava no térreo) e eu, evidentemente, aproximei-me e o que o infeliz fez? Simplesmente, pega um frasco de perfume novo que ele tinha ganho e decide colocar um pouquinho no meu olho! Isso mesmo, saí feito um louco para dentro de casa e corro para o banheiro. Eu ainda lembro que passei pela sala e não falei para ninguém o que tinha acontecido e fui tentar limpar o olho e nada daquela dor infernal sair. Lembro também que todas as vezes (e foram muitas) que eu saía do quarto para o banheiro para lavar, eu ia coberto com um lençol e minha mãe perguntava o porquê e eu dizia que era frio, mas na verdade era medo que eles ficassem com raiva do outro imbecil lá. Vejam só: eu me lasco e ainda vou defender o outro --> Ingenuidade. Mas teve um hora que não aguentei e comecei a chorar na frente de todo mundo e disse o que tinha acontecido.
Não sei se da parte dele o ato foi involuntário, coisa de criança, ou se foi premeditação diabólica. Isso não interessa. Mas o que interessa mesmo é o que aconteceu depois...Meu pai me proibiu de falar com ele e tal e ele ficou sabendo disso. No entanto, dias depois, eu estou muito bem na minha casa e batem na porta. Quem é? Ele mesmo, o "assassino de olhos". (Calma, ele não estava com o frasco na mão e não lembro bem se pensei nisso na hora). E ele me saiu com a seguinte frase: "eu sei que seu pai proibiu você de falar comigo, mas não proibiu de brincar". Já ouviram outra coisa mais idiota que isso? E sabe o que respondi? "É, né? Bora brincar, mas sem falar".
Amigas e Amigos, naquela época as coisas eram mais fáceis não porque eu era mais novo, mas porque ser mais novo me permitia fazer as coisas ficarem mais fáceis. E sabe o que mais me dá raiva nisso? É porque é exatamente o que não tenho procurado fazer: tornar a minha vida mais fácil. Talvez eu seja ingênuo demais ainda ou talvez tenha perdido completamente minha ingenuidade.
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