domingo, 20 de setembro de 2009

Roberto Carlos não é Rei!

     Não, não pode. Quem disse que Roberto Carlos pode ser chamado de Rei? Por que ele é chamado de Rei? Não concordo. Isto é uma grande mentira contada ao longo do tempo e parece que engolimos, ou melhor, digerimos como bem quisemos. Roberto não tem reino, não tem poder, não tem persuasão pessoal, que reinado seria esse então?
     Roberto Calos Braga é apenas um cantor que saiu de Cachoeiro de Itapemirim  para morar na casa da tia em Niterói e por lá conheceria outro cara, o chamado Erasmo Carlos, provocando uma parceria pessoal e profissional em torno de 50 anos - não é nada mais que isso. Fato. A partir daí começa a comandar um movimento musical chamado de Jovem Guarda, que deixou algumas músicas para o público relembrar com uma saudade nostálgica, tornando-se um grande ídolo dos jovens. Aqui também consegue um feito comum: vence em 68 o festival de música de San Remo - Itália e se torna o único não-taliano a ganhá-lo até os dias atuais.  Mas isso é motivo para ser chamado de Rei? Nem a pau!
     Após isso, vem a fase mais romântica - marca até hoje -  e religiosa na década de 70, deixando para o seu passado juvenil o "rock" que nunca foi bem a sua cara e que nunca mais voltaria às suas paradas de sucesso - para a tristeza de muitos e felicidade dos..sem comentários. Aqui, Roberto inicia uma parceria com um sistema televisivo incipiente em 74 e continua até hoje assumindo o lugar de papai noel em dezembro nas TV´s do Brasil. É Rei? Isso tudo é normal, qualquer um faria.
     Como se não bastasse existir para o Brasil, decide aqui na década de 80 soltar as cordas vocais no exterior com mais ênfase. A partir disso, pode-se ouvir Roberto em português, evidentemente, francês, inglês, italiano e em espanhol. Rei? Quem quiser pode fazer isso, basta determinação.
     Chegamos a década de 90 , ápice de sua fase romântica - o que faz alguns críticos pensarem que só existe Roberto até "89". Aqui, em 94, Roberto consegue bater os Beatles em vendas na América Latina, tornando-o não só Rei daqui, Rei de toda a América também. Aqui consegue também, por fim, alcançar os 100 milhões de discos vendidos (hoje mais de 120 milhões), fazendo parte de uma lista seleta de artistas que alcançam essa faixa, bem como, descobre que colocando todos os seus discos de platina, ouro e por ai vai, lado a lado, conseguiria-se dar um volta no Estádio do Maracanã. Ainda não vejo motivo para ser chamado de Rei.
     Por fim, chegamos a fase atual, marcada pela morte da eterna mulher amada e as composições direcionadas para e só para ela. Chegamos a fase que Roberto descobre que é doente, doente psiquicamente e assume isso publicamente, ao iniciar um tratamento contra o Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC . Aqui chegamos às festividades de 50 anos de carreira pelo mundo a fora de um Rei sem coroa, sem reino...(ainda sem argumentos fortes para justificar o reinado)
   ... Mas com muita majestade e é aqui que se descobre o verdadeiro porquê da sua realeza. Um artista não se faz apenas de palco, pois, sua vida, seu caráter e suas atitudes tornam-se mais importantes ao longo do tempo para os fãs que o idolatram, não só como artista, mas também como pessoa. E esse é o grande argumento para chamá-lo de Rei: ele não se vê e nunca se viu como Rei, ele apenas se vê como um menino  normal que saiu de Cachoeiro e fez sucesso, e isso é tudo. A sua realeza está na simplicidade complexa que carrega ao pedir quatro anos para terminar um disco, está na simplicidade complexa de ter o cabelo grande, está na simplicidade complexa de se apresentar de terno e "nunca" transparecer como "brega", está na simplicidade complexa de produzir show´s que todos que estão assistindo sabem que começa ao som de Emoções e termina ao som de Jesus Cristo, sendo tudo precedido do momento arrepiante do "Senhoras e Senhores, com vocês, Roberto Carlos".
     Além disso, não existe motivo para chamá-lo de Rei, Rei da música romântica, é claro, Rei da música jamais. Dito isso, é necessário entender que o reinado de um cantor, ou de quem quer que seja, é altamente subjetivo. Faça do seu artista um Rei, porque eu faço do meu um para mim e isso é o que importa: para mim.



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