"ah, você está vendo só do jeito que eu fiquei e que tudo ficou [...]" - Por causa de você
Escutando aqui o álbum de Caetano e Roberto produzido ano passado em comemoração ao 50 anos da Bossa Nova, fez-me relembrar dos demais movimentos musicais que explodiram, com mais ênfase, no país entre as décadas de 50 e 70. Inicialmente vem a Bossa no final da década 50, tendo como maiores expoentes o Maestro Antônio Jobim e o Poeta Vinícius de Morais. Posteriormente, temos ali na década de 60 o surgimento de mais dois movimentos intitulados de Jovem Guarda e Tropicália. Aquele encabeçado por Roberto Carlos e, este, por Caetano, para apenas citar um componente. Todos passaram algum tempo "convivendo" e produzindo ao mesmo tempo, bem como surgiram de outro movimento: a política.
"[...]será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da américa católica [...]" - Podres Poderes
A Bossa foi alavancada pelo ufanismo do Governo Juscelino Kubitschek - o próprio presidente era chamado de Presidente Bossa Nova. O Governo JK defendia que o Brasil estava realmente tomando rumos sólidos e com as próprias "pernas", desse modo, foi a vez da música brasileira ter suas próprias "pernas" e é ai que entra a Bossa com toda sua bossa. Por sua vez, a Tropicália surge, como já adiantado, também ligado à política, em contraposição à Ditadura Militar instalada, por golpe, em 64! Já a Jovem Guarda é o movimento que menos foi diretamente ligado à política, recebendo críticas até hoje por isso. Há quem diga que não teve algum cunho político, o que discordo. Porque o fato de se abster da política já é um atitude influenciada pela própria política vigente. Em outras palavras, o movimento não queria mais discutir o já discutido pela Tropicália, queria apenas fazer o público dançar e ser feliz na medida do possível.
"meu bem, já não precisa falar comigo dengosa assim, brigas para depois [...]" - Gatinha Manhosa
A Jovem Guarda, por consequência, também foi tachada como "alienada" exatamente pelo motivo anteriormente exposto. Contudo, será que um movimento pode ser chamado de "alienado" por apenas não seguir a "moda" da época, que era "criticar para derrubar e mudar"? Acho que não.Outro fato bem interessante é a origem do nome Jovem Guarda. Meus caros, a origem está em uma citação marxiana! Isso mesmo: "O futuro está nas mãos da jovem guarda". Será mesmo que era um movimento apolítico?
"[...]de que vale a minha boa vida de playboy, se entro no meu carro e a solidão me dói[...]" - Quero que vá tudo pro inferno
O próprio Roberto Carlos nunca se envolveu com política, nunca declarou um voto e etc (esse fato só muda em 85, quando do lançamento da canção "Verde e Amarelo". Canção esta, altamente ufanista e influenciada pela redemocratização do pais). No entanto, o seu modo de "criticar para mudar" é diferente, mas eficiente do mesmo modo, uma vez que usa a mesma arma: a música. Músicas como "As Baleias", "O Progressso", "O Ano passado", "Quero paz", "Paz na terra", "Amazônia", "Apocalipse", "O careta" dentre outras, mostram críticas sérias ao sistema e às atrocidades praticadas pelo ser humano, enquanto a música "Herói calado" tem um cunho social fortíssimo - até Marx ficaria orgulhoso com a letra desta.
" Ele acorda cedo demais, o dia nem clareou, sai de casa aquele rapaz, que nem bem dormiu, já acordou [...]" - Herói Calado
Piadas de lado, é necessário perceber que cada movimento tem sua importância, sua obra e suas consequências. Não será sua ligação ou não-ligação com isso ou aquilo que irá determinar se "presta" ou "não-presta". Até porque "prestar" ou "não-prestar" é algo tão subjetivo..
"[...]não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso, um erro não conserta o outro, isso é o que eu penso[...]" - O progresso
Meu fã.. faltou você colocar que eu sou autor de algumas músicas dessas, bixo. Byyeee Byee
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