terça-feira, 8 de março de 2011

Brasil: Um País Católico [?]

Mas que Catolicismo é esse?

Não é de hoje que venho refletindo internamente sobre essa religião "predominante" no Brasil e sobre algumas características interessantes que a sociedade plural brasileira a imputou.

Mesmo pensando nisso há algum tempo, o estopim para escrever esse texto veio após assistir (o primeiro que assisti todo na minha vida), no fim da madrugada do dia 08/03/11, ao desfile de Beija-Flor. Com o enredo "Roberto Carlos: A Simplicidade de um Rei", a escola passou da sua fase infantil em Cachoeira e por todas as demais fases e detalhes de sua carreira e vida que não cabem citar aqui novamente. Contudo, chamou minha atenção e há de muito outros, haja vista que no twitter se criou um Trend Topic discutindo exatamente de forma direta o que me levou a escrever esse texto e de forma indireta o tema aqui tratado a presença de um ícone religioso, aparentemente, fora de contexto.

Pois bem, em um dos carros apareceu a figura da Rainha do Mar Iemanjá, entidade religiosa presente em religiões afro-brasileiras (que NADA têm com macumba strictu sensu), gerando críticas e desconforto de vários internautas que consultei. De ímpeto, confesso, também achei estranho e destoante com o enredo, afinal, estavam homenageando o artista (que não é padre), talvez, de maior representação católica do país.

No entanto, todo o enredo, todos os carros, absolutamente tudo passou pelo crivo pessoal de Roberto Carlos. Isso é contradição ou evolução religiosa? Vejamos.

Quem, que aqui se encontra lendo, já deu os 7 pulinhos nas ondas do mar no dia 1º de janeiro? Quase que todos, correto? Mas nem todo sabem que esse é um ritual pedindo que a Rainha do Mar abençoe o ano que começa e acarrete sorte, não é mesmo também?

É exatamente esse ponto que trouxe para discussão nesse texto. O dia 02 de fevereiro é conhecido como o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, mas também é o dia de Iemanjá. Em muitas cidades, inclusive aqui em Natal, o dia reuni várias religiões praticamente juntas adorando Iemanjá/Nossa Senhora dos Navagentes (Natal tem uma praia urbana com o nome e estátua de Iemanjá, onde católicos do mundo todo tiram fotografias para recordar).

O que quero dizer é: ao ver aquela imagem no desfile, com Roberto Carlos como tema, imaginei: "se está ai, ele deixou" pelo que conheço do seu perfil autoritário quando se trata da vida pessoal. Partindo da letra da música "Todas as Nossas Senhoras" (1999) que diz: "Todas as nossas senhoras são a mesma mãe de Deus", entendo que a autorização de Roberto se deu por ele entender que ali não estava "Iemanjá" em si, mas uma entidade religiosa que tem vários nomes, dependendo da orientação religiosa de cada um, por mais que a imagem estivesse com trajes e posição da Deusa e não da Santa!

Fato é: O catolicismo brasileiro (não digo no mundo por questões de desconhecimento) tem influências externas na prática cotidiana de forma muito clara. As festas para Iemanjá são sempre recheadas das ovelhas de Bento XVI e, além disso, muitos católicos procuram, em momentos de desespero, rezadeiras, algo que mais uma vez
não coaduna com os princípios religiosos do catolicismo.

Ademais, estou falando do catolicismo em função da sua presença forte no Brasil e porque o fator gerador da discussão trata-se de uma figura pública e católica, mas a idéia também pode ser discutida em outras religiões, por mais que com muito menos vigor.

No mais, quero deixar o resto da reflexão para vocês e seus respectivos comentários. Além disso, na minha humildade opinião, creio que mais um vez Roberto Carlos prova estar à frente do seu tempo.

P.S: As cores de Iemanjá são azul e branco, Cores também da Beija-Flor e as preferidas de Roberto Carlos.
P.S²: Sim, sou fã de Roberto Carlos!

10 comentários:

  1. Muito interessante esta sua colocação sobre o como é contraditório a "fé" católica no Brasil.Mas quero lhe alertar quanto ao que verdadeiramente constitui um católico , a igreja católica não incentiva de forma alguma qualquer ligação com seitas ou outras denominações religiosas pelo simples e grande fato de que o DEUS que é pregado como caminho de vida é o bastante .Sendo assim impertinente se dizer que um individuo que se diz de uma doutrina e comunga de pensamentos de outras é verdadeiramente praticante da mesma ,o que não podemos esquecer é que todos somos humanos e temos falhas (inclusive de condutas), falta de formação é uma delas.E quando eu falo em formação não é a escolar , mas sim a formação espiritual , a de entender e absorver para sua vida a intensidade de se viver (verdadeira mente) o Cristianismo.Essa falta pode ser o sentido de ocorrer tantos "desvios" na religiosidade Brasileira.
    O que quero deixar claro é que quando vemos exemplos como os citados , tratam-se de casos de pessoas que ainda não experimentaram o poder do verdadeiro Jesus,por isso apesar de eles se dizerem, em meu ponto de vista, não os considero católicos .Pois para mim o que caracteriza uma pessoa como de uma religião é a concordância com a doutrina e a prática das mesmas.
    Muito relevante sua idéia sobre o assunto , espero que tenha ajudado de alguma forma a entender esse "fenômeno " Religioso-cultural .

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  2. Primeiro, obrigado pelo comentário.

    Segundo, duas coisas:

    - Pelo seu raciocício, os católicos desapareceram então do país.
    - E por que comentar de forma anônima se você foi educado e não me atacou como os anônimos fazem?

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  3. Na realidade não é que os católicos sumiram deste país , o principal problema é que muitos esqueceram o que é cristianismo.Mas existem muitas pessoas nesse país que cada vez mais buscam esse caminho, eu também posso me incluir.sendo assim eles não desapareceram, existe hoje na igreja católica vários movimentos pastorais que comprovam o que eu estou dizendo , a renovação carismática católica, o shalom, o instituto hesed, a canção nova ( que possuem um canal na tele visão de evangelização ) e tantos outros movimentos que somam hoje milhares de pessoas que cada vez mais estão nadando contra essa corrente.
    E quanto a não me identificar foi por mera distração , acabei esquecendo.
    E

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  4. Entenda, não é que os católicos desapareceram do país...se fosse assim muitos movimentos sérios não existiriam , renovação carismática católica, o shalom,instituto hesed, canção nova( que possui um canal de TV católico para a evangelização), além de tantos outros movimentos que se eu fosse me prolongar em cita-los todos provavelmente esqueceria de algum. O fato é que apesar de tantos já procurarem fazer a diferença muitos ainda não acordaram quanto o que é ser um cristão.Por isso que a maioria ainda vive dessa forma retratada em seu texto.
    E quanto ao fato de ter comentado de forma anônima , foi por mera distração...
    por :Luiza Oliveira

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  5. Entendo e respeitosamente discordo.

    Grupos com o Shalom em nada vem contribuindo para a Igreja. Pelo contrário, vem alienando jovens de forma a torná-los "adestrados" e não "críticos". Essas "renovações" que não renovam está 'medievalizando" a Igreja novamente!

    Quanto à busca do ser supremo/superior via uma instituição religiosa e etc, também não entendo necessária.

    Por que será que países altamente desenvolvidos se desapegaram das religiões?

    E por que será que o país muito desenvolvido, como os EUA, continuam muito religiosos e promovendo as maiores guerras no mundo?

    Isso precisa ser discutido..

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  6. Se conhecesses verdadeiramente a Deus... Emanuell, estarei rezando por ti!
    Jesus te ama, ainda que você não o reconheça!

    A paz.

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  7. Quanto à pratica real ou não do catolicismo/ cristianismo, o tema é muito polêmico realmente. Discordo de ti, Emanuell quando falas que "Grupos com o Shalom em nada vem contribuindo para a Igreja. Pelo contrário, vem alienando jovens de forma a torná-los "adestrados" e não "críticos". Essas "renovações" que não renovam está 'medievalizando" a Igreja novamente!" ...

    O "objetivo" desses grupos religiosos (católicos ou não) geralmente não é neste sentido, embora infelizmente nem todos sejam bem intencionados.

    Não vou me prolongar mais no assunto, pois me considero suspeito pra falar quando o tema é religião.

    Enfim, por coincidência ontem mesmo li um conto de Machado de Assis "A igreja do Diabo" que trata justamente do tema, na qual o diado se propõe e criar uma igreja e, não encontrando do próprio Deus resistência o faz...

    Ele vem à terra, desfaz todos os conceitos até então aceitos por (quase)todos como corretos e espalha sua nova doutrina.

    "Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia..."

    (...)

    "Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos
    seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as
    praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e,
    como digo, às ocultas."

    Deus responde quando o diabo vai indagá-lo sobre os acontecimentos:

    "- Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana."

    (Quem quiser ententer a história das capas, que leia o conto)

    Enfim, essa mistura religiosa não é novidade nenhuma, se é benéfico às religiões, ético ou certo, depende do entendimento de cada um...

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  8. Caro Flamarion,

    Você disse que discordava e falou:

    "O "objetivo" desses grupos religiosos (católicos ou não) geralmente não é neste sentido, embora infelizmente nem todos sejam bem intencionados."

    Ou seja, ao dizer que "infelizmente nem todos sejam bem intencionados" você confirmou o que eu disse.

    Esses grupos não estão ajudando à Igreja, pelo contrário. É só você analisar os fatos atuais do que é a Igreja Católica hoje e o que foi.

    Quanto ao conto: É um erro que todo religioso comete (e você mesmo disse que era suspeito) ao dizer que tudo que não for ligado a sua religião, termina sendo obra do "diabo". Os protestantes (strictu sensu) são feras nisso.

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