quarta-feira, 9 de junho de 2010

Bolsa Família: a verdade atrás do preconceito

     Faz tempo, muito tempo mesmo que quero escrever esse texto e outro sobre o Sistema de Cotas em Universidade Públicas. Este último ficará para depois. No momento quero falar sobre esse programa sócio-econômico que é a cara do Governo Lula (por mais que para mim o Governo Lula seja muito mais que o Bolsa Família), mesmo tendo sido implantado, mas não criado, por Fernando Henrique Cardoso.

     Antes de efetivamente falar do programa, gostaria de lembrar que o programa é Bolsa Família e NÃO Bolsa Escola. Foi, outrora, chamado de Bolsa Escola e até para se fazer críticas faz-se necessário saber como criticar e ao menos o nome do programa. Vejo muito por ai, até mesmo nas cátedras, pessoas dizendo: "é bolsa disso, bolsa daquilo..." = desinformação e às vezes estupidez. No mais, quero também lembrar que a diferença não é só no nome. Antes de 2003, existam a Bolsa Escola, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação. Com a criação do Bolsa Família esse programas foram unidos em um só e em um só cartão, com valor mais alto, possibilitando, por fim, uma maior fiscalização.

    Quero e tenho necessidade de apresentar agora várias críticas e consequentemente vários argumentos favoráveis. A primeiro coisa que vem na mente dos críticos é que as famílias que estão recebendo o Bolsa Família estão procriando indiscriminadamente com o intuito de receber mais benefícios. Argumento mais falho que este, estou para ver. Alguém pode até me apresentar alguém que fez isso e direi: exceção! Vamos aos dados: o Bolsa Família atende diretamente mais de 11 milhões de famílias, logo, indiretamente algo em torno de 40 milhões de pessoas, colocando a família brasileira com média de 4 pessoas [isto é, média de 4 SERES HUMANOS e não bichos que procriam indiscriminadamente], correto? Agora vamos calcular: se cada família estivesse procriando para receber o benefício, teríamos algo em torno de 5 a 10 milhões de nascimento/ano, isso ocorre? Releia e responda: isso ocorre? Não vou nem responder.
     Outro argumento é a parcimônia que os beneficiários do programa ficam ao receber, sem querer trabalhar ou mudar de situação social. Outra falácia preconceituosa do tipo: "vamos ensinar a pescar e não dá o peixe".  Respondo: "de barriga vazia, não se consegue pescar". O programa é uma coisa EMERGENCIAL, a população carente do país necessita de ajuda agora PARA COMER, não há tempo hábil para ensinar a pesca, ou melhor, não havia, agora há, portanto, deve o governo começar a possibilitar a real mobilidade social, retirando-os da dependência do programa. Cito agora a frase da senhora Sueli Miranda de Carvalho Silva ao deixar o programa:

                        "venho, por meio destas linhas, agradecer os idealizadores do Bolsa-Família, os anos que fui beneficiada. Ajudou-me na mesa, o pão de cada dia. Agora, empregada estou e quero que outro sinta o mesmo   prazer que eu, de todo mês ser beneficiada. Obrigado"

     Você  pode até dizer agora: "mas isso também é exceção". Respondo: quem disse, você? E se for exceção, lembre-se: deve-se julgar algo pelo que está dando certo e não pelo que está errado. Se de 10, menos da metade fizer isso, já é lucro! Mas não estou dizendo que não se deve procurar aumentar essa metade.

     No âmbito econômico, as críticas também são inúmeras. Começamos também pela frase: "o gasto do programa é alto". Primeiro, não é gasto, é investimento. Investimento Social! Investimento esse que possibilitou fazer o Brasil entrar e sair da crise econômica de novembro de 2008 sem ser tão prejudicado. Se não acredita em mim, acredite na OIT (http://www.bbc.co.uk/portuguese/servicos/2009/03/090318_bolsafamiliaoitad.shtml).

    
Com o auge da crise econômica, o Governo Lula fez o que muitos entenderam como um tiro no pé: aumentou as famílias beneficiadas. O que o Governo Lula fez em outras palavras: investiu pesado na base da economia do país, investiu em quem realmente gasta, ou seja, os mais pobres. Foram e são os mais pobres, incentivados principalmente pelo Bolsa Família que seguraram e seguram a economia do país de dentro pra fora e não mais de fora para dentro. Além do mais, é significativa a redução da pobreza dentro do Governo Lula em função, principalmente, do Bolsa Família também. A verdade é tanto que o Pres. Lula irá discursar sobre isso na ONU, convidado pelo próprio presidente da ONU (http://www.redebrasilatual.com.br/temas/internacional/onu-convida-lula-para-discursar-sobre-reducao-da-pobreza-em-cupula).


     Essa charge abaixo indica bem quem mais reclama do programa e o pensamento errôneo que se tem ao se achar que o programa "retira dinheiro de quem tem". Por mais que a lógica DEVE ser essa mesmo, tirar de quem tem e não de quem não tem.
  
     Quero iniciar minha finalização, apresentando outras críticas. Muito corrente é a frase: "o povo usa o dinheiro para comprar cana". Como eu gosto de dados, vamos a eles. Estudo da UFPE indica que 87% do dinheiro arrecadado anualmente pelas famílias servem para comprar alimentos (http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Eventos/ForumBNB2007/docs/impactos-do-programa.pdf).

     O povo está comendo, comprando, movimentando a economia do interior principalmente, só não entende isso, quem não quer. Existe outra crítica, quanto à fiscalização do programa, no que tange à obrigatoriedade de se frequentar a escola para permanecer no benefício. O governo, nos Ministérios da Educação (Fernando Haddad) e do Desenvolvimento Social (Patrus Ananias), detém um sistema de comunicação via satélite e internet para bater os dados dos alunos, além do mais, é dever de todos fiscalizar também. Se você sabe de alguém que recebe irregularmente, denuncie! E se você quiser se tornar uma perfeito investigador acesse o Portal da Transparência, também criado pelo Governo Lula, onde se tem tudo sobre os gastos governamentais federais e seus respectivos convênios. Lá você terá a relação completa do nome de todos os beneficiados do país (http://www.portaltransparencia.gov.br/).
 
    Aí entramos na seara política: dizem por ai: "o programa possibilita um controle do governo [de Lula] para com os pobres". Meus caros leitores, é um jogo de lógica. Aquele que beneficia, é beneficiado. O povo vota em determinados pessoas por benefícios, por mais que alguns não sejam legítimos, mas esse não é o caso do Bolsa Família. O Governo Lula de modo geral beneficia o país, logo, ele é aprovado por mais de 80% da população e 80% da população da população do país NÃO recebe o Bolsa Família. Essa charge explica bem esse pensamento, já rebatido.

     Por fim, gostaria de agradecer a você que leu até aqui e se leu até aqui, agora pense um pouco e comente. Pode criticar, faz bem, só não garanto que vou aceitar. 

16 comentários:

  1. Adorei o texto, nao pq sou uma amante do governo de Lula, mas pq vc mostrou argumentos convencíveis diferentes daqueles que só buscam criticar.

    vc é um ga... bichooo! rsrs

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  2. Olá Jana, obrigado também por ter lido! Fico feliz...

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  3. O texto é bem interessante, entretanto, percebo que voce tem uma pitada de admiração, ou mesmo total admiração pelo governo lula. Acredito que você seja uma pessoa bem critica, então não se deixe enganar, tanto Lula como Serra não são diferentes, cada um com a defesa de sua classe social, mas sempre buscando e defendendo interesses particulares. Serra mais conservador, elitista. Lula mais popular, desajeitado, "um estilo nordestino analfabeto de ser", mas sempre popularesco,defendendo a classe média baixa da qual veio, não ritico até porque tenho cosnciencia que politica é um jogo de interesses particulares, as pessoas não entram na politica para satisfazer as vontades da sociedade, mas para satisfazer seus interesses e fortalecer seu ego, implantando uma espécie de poder autoritário que não existe. Portanto, não seja ingenuo, e nem alienadao, os politicos sairam da mesma farinha, ops do mesmo saco sujo.

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  4. É meu caro, gostaria de ver você falando do Bolsa-Família...mas.

    Quanto ao item "admiração", tenho total admiração sim, nunca escondi. Minha situação é cômoda, defender o Gov. Lula é fácil!

    Você diz que não critica["não ritico até porque tenho cosnciencia que politica é um jogo de interesses particulares"]e ao mesmo tempo está criticando?!

    No mais, como você falou que o texto é "bem interessante", isso já serve...Obrigado!

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  5. Seus textos estão melhorando. o/
    E você ocnseguiu mudar uns preconceitos que eu tinha da bolsa, parabéns.

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  6. Márcio, obrigado pelas críticas construtivas e pelos elogios atuais.

    Que bom que consegui fazer você se mudar (ninguém muda alguém)..

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  7. Parabéns pelo texto, Emanuel!

    Gostei bastante!!!

    Vc poderia transformá-lo em artigo científico! Pense nisso!

    Bjos

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  8. Agradeço professora, mas senhora acha mesmo que dá certo um artigo sobre o assunto?

    ¬¬ interessado agora..

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  9. homi, se vez por outra um post em um blog da o que falar, imagine um artigo ^^

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  10. Parabéns pelo texto, ele é excelente, trata de assunto pertinente que deu o que falar, entretanto, num país onde a maioria não entende o que lê e ainda assim faz pose, com toda a pompa que se auto-impõe, fica difícil acreditar que fora uns e outros (como o pessoal acima!), é o tipo de informação que raramente iluminará muitas cabeças... Olha, gostei muito mesmo do texto, pois me ajudou a embasar minhas idéias e estruturar melhor minhas respostas àqueles que insistem em referir-se ao programa como 'Bolsa-Esmola' que para mim é um termo agressivo, ofensivo, ignorante e estúpido, frutos de mentes assoberbadas e fúteis, mas outrora entro em detalhes... No mais ficam meus Parabéns e votos de Saúde, Felicidades e Sucesso.

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  11. Obrigado Flávio!

    Espero mais visitas e outros contatos.

    Abraço

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  12. Bons argumentos e boas fontes. Gostei. Sou completamente a favor do programa e me sinto enojado por certas críticas ralas que fazem a ele. Mas, verdade seja dita, situações tensas que resultam desse programa, o que, diga-se de passagem, não o desmerece. Mas só pra exemplificar, uma vez ouvi dizer de uma professora que estava sendo ameaçada pelos pais de uma criança, porque ela não estava colocando a presença nas aulas da criança, mesmo sem ela frequentar as aulas, mas os pais não queriam perder o benefício mensal. Aguardo o texto sobre cotas. hehehe Abraços.

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  13. Pois é Renan, você tocou no ponto que para mim é o crucial e é onda o programa peca. Em algumas localidades o professor não tem a autoridade que outrora teve. Esse tipo de intervenção pode existir sim. Estou fazendo o das Cotas..abraço!

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